“O serviço aos pobres e fragilizados, o serviço da caridade, da justiça e da paz é uma exigência da fé que nós professamos e uma consequência do encontro com Cristo na Eucaristia. Jesus ressuscitado quer ser encontrado por nós na Galileia”, afirmou o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, durante a homilia, na missa de encerramento da 56ª Assembleia Geral da entidade. A missa, na manhã desta sexta-feira (20), reuniu os bispos de todo o Brasil, assessores e colaboradores da CNBB no Santuário Nacional em Aparecida (SP).
Dom Sergio da Rocha celebrou em ação de graças pela realização da assembleia, pela conferência episcopal, pela Igreja no Brasil, pela aprovação do documento sobre a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil, pela convivência fraterna entre os bispos, por todos os estudos e pronunciamentos e ainda pelo Ano do Laicato.
“Agradecemos à Deus a tantos fieis leigos e leigas que se dedicam tanto e tão generosamente a ação pastoral e missionária em nossas comunidades, mas também em diversas ambientes da sociedade”.
Ao refletir sobre as leituras da celebração, o cardeal, lembrou que a palavra indica traços fundamentais da igreja que os fieis devem ser, atitudes que se deve cultivar continuamente, pessoalmente, em comunidade.
“A Igreja vive do encontro com o Senhor ressuscitado. Através da palavra, da Eucaristia, da oração e da contemplação”.
Dom Sergio refletiu ainda a narrativa inicial dos Atos dos Apóstolos que retrata Saulo caído por terra.
“Há muita gente caída por terra como Saulo, incapaz de enxergar, incapaz de caminhar, mas necessitada de levantar-se, de recomeçar a vida. São irmãos e irmãs nossos de coração ferido necessitados de mãos estendidas, necessitados de uma comunidade misericordiosa e acolhedora. Casa de portas abertas como tem insistido tantas vezes o papa Francisco”, indicou.
Antes de finalizar, o presidente da CNBB, recordou o pedido de Deus no salmo da liturgia ‘Ide pelo mundo e pregai o evangelho, ide fazer discípulos’.
E continuou: “saímos dessa assembleia e desta Eucaristia revigorados na fé, fortalecidos na unidade e dispostos a caminhar com redobrado empenho ao encontro dos pobres que esperam pela boa nova de Jesus Cristo, dos aflitos que necessitam ser consolados, dos cegos que anseiam pela recuperação da vista e das vítimas de violência que buscam a justiça e a paz, dos tristes e desanimados para lhes oferecer os dons da alegria, da esperança e da vida nova em Cristo”.
O cardeal finalizou a homilia pedindo a bênção de Nossa Senhora Aparecida e refletindo a necessidade dos fieis de permanecerem em Cristo, comendo da Sua carne e bebendo do Seu sangue, alimentando-se do pão descido do céu.
“O encontro pessoal e comunitário com Cristo, especialmente, na Eucaristia será sempre a fonte maior e o sustendo de nossa comunhão e de nossa missão. Continuemos unidos rezando uns pelos outros, firmes na fé, unidos na missão. Dando testemunho do nosso amor pela nossa Igreja”.
Em cerimônia de encerramento transmitida por canais católicos de Televisão, a 56ª Assembleia da CNBB foi encerrada solenemente. Os bispos fizeram desse momento, ocasião de oração e ação de graças. O cardeal Sergio da Rocha, presidente da CNBB, acompanhado por dom Murilo Krieger, vice-presidente, pelo Núncio Apostólico, dom Giovanni d’Aniello, e pelo coordenador dos trabalhos desses dois últimos dias, dom João Justino, arcebispo-coadjutor de Montes Claros (MG), agradeceu a todos que ajudaram na realização do evento.
O Núncio Apostólico do Brasil leu uma mensagem do Papa: “O Papa os anima neste Ano do Laicato no Brasil a permanecer atentos aos sensus fidei do seu povo, tão generoso e devoto. Ajudando os leigos a viver sempre em sintonia com seus pastores. O protagonismo do chamado a ser cada vez mais uma Igreja em saída, na certeza de que a Mãe Aparecida, cujo aniversário de 40 anos da restauração de sua imagem se está celebrando, não deixará de interceder pela Igreja que caminha no Brasil para que possa sempre buscar a restauração dos seus membros. O Papa Francisco, de coração, envia a todos os bispos e suas dioceses do Brasil, a bênção apostólica e pede, por favor, que continuem a rezar por ele“.
Na quinta-feira, 19 de durante a última coletiva em Aparecida (SP), o cardeal Sergio da Rocha, destacou o clima de fraternidade que permeou o encontro do episcopado brasileiro que termina nesta sexta-feira, 20.
Segundo dom Sergio, a Assembleia Geral vai muito além do que se pode considerar como pronunciamentos, declarações, notas, mensagens ou documentos que são elaborados e aprovados pelo episcopado brasileiro. “Nós não nos reunimos apenas por produzir textos. Claro que eles são muito importantes. Mas a Assembleia quer ser, em primeiro lugar, um espaço de convivência fraterna, de colegialidade episcopal”, afirmou.
“Posso dizer que essa Assembleia tem sido uma das que mais pudemos sentir essa unidade fraterna, essa proximidade afetuosa entre os bispos do Brasil”, ressaltou o cardeal, chamando a atenção para os momentos de oração e missas ao longo da Assembleia, além o retiro realizado nos dias 14 e 15. “É uma assembleia orante. Aqueles que querem oferecer a sua colaboração para a missão da Igreja no Brasil, buscam a luz a sabedoria, a força que vem de Deus, para poderem tomar as decisões acertadas”, acrescentou.
“Nós nos reunimos para, cada vez melhor orientar a missão evangelizadora da Igreja no Brasil, respeitando aquilo que é próprio de cada diocese e de cada bispo, reunimo-nos para buscar, em comum, diretrizes, normas, orientações, para vida da Igreja”, completou dom Sergio, citando as novas diretrizes para a formação de presbíteros aprovadas pelo episcopado, que agora serão encaminhada para o reconhecimento da Santa Sé.
O cardeal também mencionou a revisão do Estatuto Canônico da CNBB, finalizado nesta Assembleia, e a eleição dos delegados da Conferência para o próximo Sínodo dos Bispos sobre juventude, fé e discernimento vocacional, em outubro, no Vaticano. “Esses nomes só poderão ser divulgados oportunamente, uma vez confirmados pela Santa Sé”, explicou.
Ao comentar a mensagem sobre ao povo brasileiro sobre as eleições de 2018, divulgada na coletiva, dom Sergio esclareceu aos jornalistas que a CNBB, quando se pronuncia sobre questões sociais, não adota uma postura partidária. “Nós não temos partidos políticos nem candidatos próprios e não somos e nem queremos ser partidos ou tratados como tal. Somos um organismo da Igreja que visa a comunhão e a missão eclesial. E para cumprir essa missão é que nós orientamos os fiéis para sua participação na vida social”... “Temos insistido na necessidade dos cristãos católicos participarem mais ativamente da vida política. E isso exige critérios. A Doutrina Social é uma fonte preciosa que os fiéis leigos e leigas necessitam conhecer cada vez mais e que nós queremos por em prática cada vez mais, para que jamais seja desvirtuada essa missão própria da Igreja que é evangelizar. Nós precisamos vivenciar a fé não só dentro do templo, na hora das celebrações, mas no dia a dia da sociedade, inclusive, nos espaços públicos”, enfatizou o Presidente da CNBB.
Fonte: www.cnbb.org.br