A segunda etapa do Sínodo sobre a Sinodalidade chegou à sua terceira e última semana, em Roma. Participando do encontro como presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, partilhou sobre o caminho que a Igreja percorre ao buscar realizar sua missão, respondendo, em cada tempo, de acordo com os desafios e as necessidades próprias.
Para ele, as reflexões sobre a missão da Igreja, a sinodalidade e a santidade, marcas desses dias em Roma, são “indicações e sinais fortes de uma Igreja missionária que se empenha em testemunhar e anunciar o Evangelho, servir com criatividade a todos, mantendo-se firme também em meio a incompreensões, desejosa de ser sempre fiel ao seu Senhor e Mestre”.
Missão da Igreja
Reunida em assembleia, a Igreja está presente e representada por todas as vocações e ministérios: leigos e leigas, religiosas, religiosos e consagrados, padres, diáconos e bispos. Todos juntos refletem sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”.
De acordo com dom Jaime, são dias de oração, reflexão, diálogo entre irmãos e irmãs “com o objetivo de encontrar indicações viáveis para que a Igreja continue respondendo ao mandato do Senhor de ir pelo mundo e anunciar o Evangelho a toda criatura”.
E isso tem sido feito ao longo dos séculos, quando a Igreja tem buscado “responder cada tempo de acordo com os desafios e as necessidades próprias que se lhe apresentavam”.
“Não faltaram questionamentos, preocupações, tensões e até mesmo incompreensões! O mesmo acontece hoje!”, pontua dom Jaime.
Essa busca é sempre um caminho eclesial que precisa ser percorrido, segundo dom Jaime. “Este caminho se realiza em espírito de oração e devoção, num espaço de escuta e diálogo, atentos ao que o Espírito pede à Igreja em cada momento da história”, situa o arcebispo.
“Os discípulos de Jesus Cristo são exortados a sempre e de novo, isto é, a sempre e de forma nova, comunicar a todos a promessa e o convite d’Ele, guardados na tradição viva da Igreja, reconhecendo a presença do Ressuscitado em seu meio e acolhendo os múltiplos frutos da ação do seu Espírito”, destacou.
Testemunho de santidade
Essa busca da Igreja por cumprir sua missão reflete-se no testemunho de santidade. “Ao longo da história não faltaram homens e mulheres que souberam testemunhar na própria vida, o que o Senhor lhes pedia e continua pedindo à sua Igreja: ser sal da terra e luz do mundo!”, destacou dom Jaime, apontando para os Missionários e Missionárias da Consolata e seu fundador, São José Allamano, canonizado pelo Papa Francisco no último domingo, 20 de outubro.
“Eles são uma presença histórica e vigorosa no território amazônico junto aos povos originários, vítimas da ganância de alguns, do desrespeito por suas culturas e tradições e não raramente falta da necessária atenção e cuidado por parte do Estado”, destacou.
Dom Jaime recordou o milagre realizado por meio da invocação de José Allamano que fez com que a Igreja reconhecesse e proclamasse sua santidade. Aconteceu em favor de um indígena que vive no território amazônico.
Ele também pontuou a fala do Papa Francisco, ao final da Celebração Eucarística e canonização de José Allamano: “Faço apelo às autoridades políticas e civis, a fim que assegurem proteção aos povos originários e seus direitos fundamentais, contra toda forma de exploração de sua dignidade e de seus territórios”.
“Trata-se de indicações e sinais fortes de uma Igreja missionária que se empenha em testemunhar e anunciar o Evangelho, servir com criatividade a todos, mantendo-se firme também em meio a incompreensões, desejosa de ser sempre fiel ao seu Senhor e Mestre”, concluiu dom Jaime.
Por Luiz Lopes Jr com fotos de Synod.va e Vatican Media