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Foto do escritorDiocese de Cruz das Almas

Diocese de Ruy Barbosa envia carta para a Congregação da Causa dos Santos solicitando instalação de Tribunal para investigar a fama de santidade de Maria Milza

A Diocese de Ruy Barbosa através do bispo diocesano Dom Estevam dos Santos Silva Filho, enviou uma carta para o Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, Cardeal Dom Marcello Semeraro, pedindo a permissão para a instalação do Tribunal Diocesano que investigará a fama de santidade de Maria Milza. Esse foi o primeiro passo dado pela Diocese que poderá levar ao reconhecimento, pela Igreja, de santidade de “Mãezinha”, como carinhosamente Maria Milza se tornou conhecida na região do sertão baiano.

Maria Milza – Foto: divulgação

“Apesar de tantos anos após a morte de Maria Milza, a sua memória continua muito viva. São centenas de romeiros aos finais de semana que vão até o povoado de Alagoas, em Itaberaba, na Bahia, para rezar junto ao túmulo dela, fazer pedidos e, sobretudo, vão até lá para agradecer a Deus por alguma graça que receberam por intercessão dela. Muitas foram as pessoas que conviveram com Maria Milza, e que não só receberam graças especiais, mas que puderam crescer na fé e serem aconselhadas. Ela tinha sempre uma palavra acertada para os que a procuravam”, afirma Dom Estevam.


Quarto onde nasceu Maria Milza, em Alagoas, Itaberaba – Foto: Sara Gomes

Quem foi Maria Milza?


Maria Milza dos Santos Fonseca nasceu em 15 de agosto de 1923, no povoado de Alagoas, município de Itaberaba. Ainda na infância, a bondade da menina se espalhou por todo o local, chamando a atenção de quem residia naquela região. Devota fervorosa de Nossa Senhora, Maria Milza sempre voltava o olhar para a Virgem Santíssima, suplicando a intercessão pela cura de enfermidades dos que a procuravam, além de ajudar a saciar a fome de quem mais precisava. Aos 15 anos aprendeu a fazer remédios caseiros para aliviar ferimentos.


Certo dia no ano de 1950, uma linda mulher, vestida de branco, com o manto azul e raios luminosos que desciam das mãos, apareceu para Maria Milza, Ilza Carneiro e Bernadete Cardoso, na “Pedra do Santuário”, que fica sob um pé de umbu, no povoado. As duas meninas (Ilza e Bernadete) correram, ficando Maria Milza diante da aparição. A partir de então, o local, que permanece como naquele dia, passou a ser cuidado com ainda mais carinho; e Maria Milza começou a usar somente roupas brancas e véu. Ao saberem do que havia acontecido, inúmeras pessoas começaram a visitar o povoado.


Fama de santidade


Pedra onde Nossa Senhora apareceu – Foto: Sara Gomes

Os fenômenos místicos ganharam mais intensidade quando Maria Milza estava com cerca de 32 anos. Nesse período, ela teve uma locução interior, escutando uma voz que a dizia que a partir daquele momento ela curaria cegos e aleijados, e que também conseguiria saber a vida das pessoas. Mesmo sem compreender o que acontecia, Maria Milza passou a ser um instrumento nas mãos de Deus: enfermos eram curados, paralíticos e cegos que a procuravam voltavam a andar e a enxergar, o que fez com que a sua fama de santidade se espalhasse ainda mais.


Entre os relatos que até hoje causam espanto a quem a conheceu, está a cura do Sr. Clóvis, conhecido na região como “Tó”. Paralítico desde os 5 anos de vida, devido a aplicação de uma injeção, Tó se arrastou com as mãos e pernas até os 15 anos. Ao saber dos “milagres”, os amigos o levaram até o povoado e, ao vê-lo, Maria Milza foi ao seu encontro. Do meio da multidão, o menino levantou e começou a andar normalmente.


Maria Milza morreu no dia 17 de dezembro de 1993. “Ela sempre apontou para Nosso Senhor e também para Nossa Senhora. Ela foi uma grande catequista e incentivadora do amor à Igreja, ao Papa, aos bispos e aos padres. Maria Milza passou para os devotos essa mesma devoção, de uma fé simples, uma fé que faz com que a Palavra de Deus vá se tornando uma presença, uma semente que vai caindo na terra e vai se multiplicando”, afirma Dom Estevam.


Beatificação


Dom Estevam em frente à casa onde nasceu e viveu Maria Milza – Foto: Sara Gomes

Dom Estevam em frente à casa onde nasceu e viveu Maria Milza – Foto: Sara Gomes

O envio da carta por Dom Estevam é o primeiro de muitos passos, que poderão levar, se comprovada a santidade pela Igreja, Maria Milza até os altares. Quando a Diocese de Ruy Barbosa acolher a resposta da Congregação da Causa dos Santos, sendo ela positiva e o Tribunal instalado, Maria Milza passará a ser proclamada Serva de Deus.


Com a instalação do Tribunal, a causa possuirá um postulador que irá atuar como uma espécie de advogado e terá a missão de investigar a vida do candidato à beatificação para verificar seu testemunho de vida e de santidade; além de peritos, mestres e doutores em Teologia, que iniciarão, oficialmente, os estudos históricos sobre a época em que Maria Milza viveu, bem como a busca por documentos relativos a ela como, por exemplo, possíveis cartas ou testemunhos. A partir deste momento, será necessária a comprovação de um milagre atribuído à intercessão da Venerável.


Atualmente, no município de Alagoas, onde inúmeras pessoas acorrem para rezar, a casa onde viveu “Mãezinha” está cercada de fotografias, imagens, mensagens, cartas e uma série de objetos levados por pessoas que agradecem por graças alcançadas. Na Igreja do pequeno povoado está o túmulo de Maria Milza. “Procurem sempre seguir os passos de Maria Milza: obediência à Igreja e devoção profunda à Nossa Senhora, procurando sempre fazer o que Deus pede”, orienta Dom Estevam.


*Esta matéria contém informações da CNBB Regional Norteste 3

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